quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Neste Momento


Neste momento o que eu queria era apenas um lugar,

um pedaço de lugar;

para me esconder.

Se eu pudesse desenhar

eu faria uma caixa

e lá me esconderia,

fecharia com a tampa e...

choraria no escuro todas as dores,

todas as solidões que passei ao meu lado.

Mas minha alma pediu pra ser despertada.

Levantei-me da cama em um pulo,

meus olhos ainda dormiam

meu corpo adormecido

mal conseguia ficar em pé,

eu precisava acordar.

Acordar para a vida.

Trabalhar com as mãos,

com os olhos,

com os sentidos.

Sentir a brisa,

sentir cada partícula,

cada movimento do universo.

Buscar na natureza

o desejo,

o cheiro,

o paladar.

A vida sempre deixa um pedaço pra gente buscar.

Da felicidade,

Do amor,

Da saudade,

Da dor.



Myrian Benatti

domingo, 9 de dezembro de 2007

POR TODA A ETERNIDADE




SE VOCE NÃO DEMORAR MUITO POSSO ESPERÁ-LO POR TODA A MINHA VIDA.







(OSCAR WILDE)

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A princesa que virou sapo



A princesa encantada que dormia um sono longo tinha sido despertada por um príncipe que andava pela floresta. O que a princesa nunca soube; é que o amor era algo para ser conquistado dia a dia. Naquele sono profundo em que se encontrava, seus sonhos eram perfeitos, mais fáceis de serem vividos, não tinha realidade, não tinha ciúmes, nem angústias. Seu despertar a princípio foi glorioso, cheio de alegria, cheio de descobertas. Mas aos poucos como não sabia amar, seus pensamentos foram povoados de discórdias, de desesperança, de dúvidas. O príncipe que há muito vivia na terra dos acordados amara demais as outras mulheres, também não soube compreender a pobre princesa, até que tentou, mas em vão. Um belo dia a princesa brigou feio com o príncipe, e foi embora para a floresta. Pensando que ele ia buscá-la, como muitas das vezes que ela tinha fugido. Mas o príncipe cansado com certeza das inúmeras fugas, já não a amava como quando tinha lhe despertado, deixou que ela voltasse por si só. Ela nesse dia chorou. Chamou por seu nome inúmeras vezes e ele não apareceu. Deixou recado pela floresta inteira e ele não buscou por ela, então ela percebeu que havia acabado. Nesse dia ela morreu. No dia que ela adormeceu uma bruxa havia lhe colocado um feitiço, seria acordada pelo amor, quando esse amor acabasse ela morreria. A princesa morreu e no lugar dela apareceu um sapo. Agora resta saber se o príncipe um dia sentirá falta dela e se seu amor fará o feitiço sair deste corpo vazio, frio em que ela se encontra e transformá-la de novo numa rainha amada. Resta saber se a princesa neste novo corpo vai aprender a amar, depois desta lição. Myrian Benatti
Myrian
Publicado no Recanto das Letras em 27/11/2007

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O HOMEM É UM GALINHA


O homem é um galinha.
Está sempre ciscando fora do ninho, dizem que isso é trazido de gerações, de comportamento entre eles, mas não acredito.
Os homens que não se amam gostam mesmo de estar sempre ciscando.
Conheço homens que juram amor pelas suas mulheres, pelas amantes reais, pelas amantes virtuais, e pelas futuras amantes ocasionais.
Para cada uma delas a frase é sempre a mesma.
Você é ÚNICA.
E todas elas sabem que não é verdade.
O que me admira é a passividade da escolha que elas fazem ao ficar com este homem.
O que será que eles têm para elas não saírem deste relacionamento doentio e psicológico; e procurarem um homem que as amem mais e um homem que se ame mais.
Observando as características desta espécie nem sempre o homem é lindo ou rico, ou alto, ou magro, mas sempre o homem tem a palavra mágica.
Sua solidão mascarada com sua ousadia sexual.
Palavras ditas em horas apropriadas em ouvidos muitas vezes em silêncios absolutos.
Um homem deste tem que ser apedrejado?
Ou este homem tem que ser admirado?
Cabe a mulher se valorizar e tirar proveito da situação sem se magoar, mas eu te pergunto:
A mulher não se magoa?
Ela não acaba se apaixonando perdidamente pelo homem que fala palavras lindas para sua alma carente, para o seu fogo interno.
Este tipo de homem não se apaixona.
Quando percebe que a presa esta se afastando ele muda o tom, amansa a voz, a palavra se torna mais carinhosa, puxa a mulher para perto e diz o quanto ela é importante para ele, apenas naquele momento em que ela está diante dele; como se ele estivesse diante de um espelho falando pra si mesmo.


MYRIAN BENATTI

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Ode a prostituta



Você me toca, me joga num canto.
Me abraça, me usa, lambuza,
Meu corpo é seu pra ser usado,
Você não pede você me toma,
Você paga, você toca um sax.
Você tem prazer,
Sou sempre um leito
Um deleite
Você chora
Dores de prazer, dores de solidão.
Eu sou seu ouvido
Você reclama você me chama,
De tantos nomes
De vagabunda, de seu amor,
A magia se desfaz quando que peço carinho
Você me joga dois tostões
E sai correndo
Batendo a porta
Jurando não mais voltar
Mas volta
Quando bate novamente seu vazio.
Cala minha boca com promessas
Me toma com seus desejos
Possui minha carne
Meu corpo
Meu espírito
Me deixa destroçada
Deitada
Nua
Perdida



Myrian Benatti


quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O Trem


O trem partiu,

sobre os trilhos ficaram

as marcas do tempo,

da poeira, da solidão.

O sol o acompanhou até a lua aparecer.

Nesta noite as estrelas hesitaram,

as luzes que o acompanhavam

foram encobertas pelas

nuvens mescladas.

O ar ficou parado,

as folhas das árvores

esperavam um sinal para se mexer,

nada movia.

Uma chuva de meteorito

rasgou o céu num grito de liberdade.

Todo o universo que estava inerte

despertou.

O trem que partira

chegou ao seu destino

apitando ferozmente,

chegando a uma estação vazia.


Myrian Benatti

terça-feira, 9 de outubro de 2007

O cafajeste


Quando o amor está findando

Visto a roupa de uma outra mulher


Uma nova fantasia,

Uma nova personalidade,

Um novo começo,

Uma nova história.


Na esperança de reconquistá-lo,

Na esperança que volte a me amar,

Na esperança que volte para mim.


E ele ama a minha fantasia,

E ele me deseja como carne,

Não se importa quem está vestida,

Não me reconhece,


Apenas vê uma mulher,

Desde que esteja aí,

Para satisfazer suas necessidades,

Se sou eu,

Ou minhas máscaras.


O que eu esqueço,

O que eu não percebo,

É que o amor já acabou,

O que ficou são lágrimas amargas,



E que ele morreu,

E que ele sempre foi


Um cafajeste,


Eu apenas não percebia,

Porque eu o amava,


Posso vestir mil fantasias,

Que ele só vai amar,

Só vai desejar


A fêmea que existe em mim.




Myrian Benatti

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

AMOR QUE MORRE



Amor que morre é só, talvez, paixão

Um desaire, em desamor, do sentimento

É um rebate irracional do coração

É fragilidade do amor, num só momento


Amor não morre assim. Ele é eterno...

Vulnerável? Sim. Porém, tão terno

Que nem sabe a si mesmo definir.

Amor é : chegar sempre... sem partir.


Definir o amor? Tarefa inglória!

O Amor não se faz só de memória

Faz-se e renasce em ética e moral.


E mesmo que haja tristeza e nostalgia

(Imponderáveis do nosso dia a dia)

O amor, meu amor: É imortal!



Maria Badalassi(poetisa portuguesa)

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Poema


Na minha rua adormeci, em águas cristalinas eu amei.

Amei você.

Amei virtualmente.

Amei incondicionalmente.

E amores também acabam como fim de outono.

Existem anjos, também anjos da guarda, almas que habitei, auras iluminada.

Falei ao vento, voei com as asas libertas, tive ausência de sonhos, andei nos caminhos do amor, observei muitos bancos vazios, vi uma estrela caindo, busquei colo, tive medo, presenciei muitos corações duros.

Na dança com o corpo em êxtase beijei, despertei, fiz de conta, fantasiei minha alma, me iludi, desatei amarras, equilibrei, fechei os olhos, despedi.

Tentei ser aceita, escutei, parti, transformei-me em personagens, fragmentei, precisei com urgência de abraço, de razão, de paixão.

Tentei alçar vôos, fui ao telhado, na varanda, na janela, pelas tardes, pelas manhãs, nas ruas isoladas, nas portas entreabertas, no portal, nos porquês.

Procurei um amigo, poetizei minha vida, fui palhaço, pássaro ferido, andei nas asas de um vampiro, não tive saída.

Quisera não ter tido saudades, nem cantado o silencio, a depressão, nem ficado na penumbra.

Onde você estava que eu não te vi?

Nas ondas?

Nos bares?

No vento?

Nas estradas sinuosas?

Como mendigo eu procurei liberdade, no meu porto, no meu coração, no meu amor.

mulher eu arranquei máscaras, enxuguei lágrimas, fui sedutora, apaguei o fogo do proibido.

Tive dores, sonhos, vício, solidão.
Será que foi um sonho?


Myrian Benatti

Não sei...


Não sei... se a vida é curta...
Não sei... Não sei...
se a vida é curta ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos

tem sentido,

se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:

colo que acolhe,

braço que envolve,

palavra que conforta,

silêncio que respeita,

alegria que contagia,

lágrima que corre,

olhar que sacia,

amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo:

é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta,

nem longa demais,

mas que seja intensa,

verdadeira e pura...

enquanto durar.


Cora Coralina

sábado, 29 de setembro de 2007

PROSTITUIÇÃO EMBRIAGADA


PROSTITUIÇÃO EMBRIAGADA
(Sperazzo)

Saí vestida de esperança
Encontrei homens bêbados
Deparei com mulheres profanas
Esbarrei em crianças famintas
Na retina do meus olhos a mancha
da aridez humana...
E toda aquela esperança
desmanchou em agonia
As palavras com as quais me vesti no entusiasmo
perderam-se na boca da minha alma
Os sons sufocados implodiram
nesse esvair sem sentido
E só me restou poetar
para falar de sonhos destemidos
Evocar os homens de boa vontade
para que as nossas crianças
sejam alimentadas em carrosseis
cobertas de lonas brilhantes
Invocar a lógica indomável
do viver em solidariedade
do cirandar com a fraternidade
Restou também nesse sonhar adolescente
a boa vontade
a fé de aço
o impulso ardente
a coragem da rebeldia valente
Por isso
mesmo na perdição do nosso mundo
no inconformismo da indignidade
no desequilíbrio da lucidez
ainda consigo ver brilho na rosa desbotada
Consigo ver trigo transformado em pão
Consigo acreditar na humanidade
Consigo ver você que me lê como irmão
Consigo enxergar a luz dos meus olhos
na sombra de todos os corações
que não podem mais sonhar e nem acreditar
Consigo ainda imaginar
a prostituição embriagada
transformada em infância
acordando os bares
jorrando leite e água
na boca da criança abandonada.

Sandra Lúcia Ceccon Perazzo
2/12/2006

A Casa do Z�Carlos#links#links#links#links

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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Ser idoso ou ser velho?



IDOSA é a pessoa que tem muita Idade; Velha é a pessoa que perdeu a jovialidade. A idade causa degeneração das células; a velhice causa degeneração do espírito. Por isso, nem todo idoso é velho e há velho que nem chegou a ser idoso. O mesmo ocorre com as coisas: há coisas que são idosas (antigas) e há coisas que são velhas. Um vaso da dinastia Ming (1368-1644) pode ser uma antigüidade, uma relíquia que não tem preço; um outro de apenas 50 anos ou menos, pode ser um vaso velho a ser relegado a um depósito. Você é idoso quando pergunta se vale a pena; você é velho, quando sem pensar responde que não. Você é idoso quando sonha; você é velho quando apenas dorme. Você é idoso quando ainda aprende; você é velho quando já nem ensina. Você é idoso quando pratica esportes ou de alguma forma se exercita; você é velho quando apenas descansa. Você é idoso quando ainda sente AMOR; você é velho quando só sente ciúmes e possessividade. Você é idoso quando o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida; você é velho quando todos os dias parecem o último da longa jornada; você é idoso quando seu calendário tem amanhãs; você é velho quando seu calendário só tem ontens. Idosa é aquela pessoa que tem tido a felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande experiência; ela é uma porta entre o passado e o futuro e é no presente que os dois se encontram. O velho é aquele que tem carregado o peso dos anos; que em vez de transmitir experiência às gerações vindouras, transmite o pessimismo e a desilusão. Para ele, não existe ponte entre o passado e o presente, pois lá existe um fosso que o separa do presente, pelo apego ao passado. O idoso se renova a cada dia que começa, o velho se acaba a cada noite que termina, pois enquanto o idoso tem seus olhos postos no horizonte, de onde o sol desponta e a esperança se ilumina, o velho tem sua miopia voltada para os tempos que passaram. O idoso tem planos, o velho tem saudades. O idoso se moderniza, dialoga com a juventude, procura compreender os novos tempos; o velho se emperra no seu tempo, se fecha em sua ostra e recusa a modernidade. O idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e prenhe de esperança. Para ele o tempo passa rápido e a velhice nunca chega. O velho cochila no vazio de sua vidinha e suas horas se arrastam, destituídas de sentido. As rugas do idoso são bonitas porque foram marcadas pelo sorriso; as rugas do velho são feias, porque foram vincadas pela amargura. Em suma, o idoso e o velho são duas pessoas que até podem ter, no cartório, a mesma idade cronológica, mas o que têm são idade diferentes no coração.




Jorge José de Jesus Ricardo (Jocardo




segunda-feira, 6 de agosto de 2007

AUTO-SOLIDÃO



AUTO-SOLIDÃO

Por Antonio Nunes dos Santos
'Nenhum homem é uma ilha'
Há muito tempo, quando ouvi essa frase pela primeira vez, confesso, não a compreendi. É claro, - pensei – nenhum homem é uma ilha assim como nenhum macaco é uma agulha! Lógico!
Quando amadurecemos, além do corpo, também a mentalidade, novas compreensões vão aos poucos nos invadindo a mente. Sentimentos, desejos, sensações e emoções tornam-se completamente claras ou pelo menos mais visíveis.
Homem nenhum pode ser uma ilha, porque ninguém pode isolar-se de tudo e de todos. A solidão ajuda na busca pela solução de alguns problemas, bem como para esquecer ou lembrar de algo ou alguém. Mas essa mesma solidão, quando prolongada, pode destruir o ego, a auto-estima, o amor próprio e com qualquer vestígio de humanidade em uma pessoa. Quem se isola em seu próprio eu, fatalmente constrói o esquecimento, mesmo sem perceber...
E não há maior tristeza que o esquecimento. Pouca coisa machuca tanto como ver um amigo, depois de anos, e ele não o reconhecer ou fingir que não o reconheceu.
Quando alguém que você considera especial, lhe esquece na comemoração de um momento também especial.
Quando você está triste e ninguém nota.
Quando o desespero lhe leva à loucura de caminhar em direção ao abismo e você sabe que não haverá ninguém para lhe segurar a mão.
Quando seu sorriso e alegria já não conseguem contagiar ninguém.
Quando apenas o sol lhe dá bom dia...
Ser esquecido é o pior castigo que o isolamento pode causar. E a vida, antes tão bela, com tanta magia e poesia... aos poucos perde seu encanto e deixa de ter sentido.
Não se isole, busque o outro! Engula seu orgulho e procure seus amigos, faça outros. Procure fazer uma auto-crítica construtiva buscando eliminar atitudes que lhe afaste dos demais.
A vida é uma obra de arte que não mostrará sua verdadeira beleza a quem resolver contemplá-la sozinho.

Espelho


Alguém muito desanimado entrou na igreja e falou com Deus:"Senhor, aqui estou porque nas igrejas não há espelhos. Nunca me senti satisfeito com a minha aparência".Subitamente uma folha de papel caiu aos pés dele, vinda do alto do templo. Atônito ele a apanhou e viu a seguinte mensagem:''A feiúra é invenção dos homens e não minha.
Não importa se os braços são longos ou curtos... sua função é o desempenho do trabalho honesto.
Não importa se as mãos são delicadas ou grosseiras... sua função é dar e receber o bem.
Não importa a aparência dos pés... sua função é tomar o rumo do amor e humildade.
Não importa se a cabeça tem ou não cabelo, mas sim os pensamentos que passam por ela.
Não importa a cor dos olhos... o que importa é que eles vejam o valor da vida.
Não importa se a boca é graciosa ou sem atrativo... o que importa são as palavras que saem dela''.Atônito o homem foi saindo da igreja e na porta de vidro viu o seu reflexo.E ali estava escrito:

"Veja com bons olhos seu reflexo neste vidro e lembre-se que em tudo que existe escrito sobre mim não há uma única linha dizendo que sou bonito".(A.D)


Recebido por um amigo, não sei quem escreveu....

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Vida!!!




Vida!!!
Angústias...
Silêncio...
Que penetra no ser...
Onde está você agora?
Que não consigo alcançar?
Onde estou que você não me nota?
Porque não permite que eu te veja,
Quando me olha desse jeito?
Deixa-me entrar dentro de você
Para lhe ajudar cada vez que você se ausenta
Eu olho para você, não sei onde está seu pensamento.
Mesmo que seus olhos fiquem inertes eu sei que está aqui.
Sua alma está longe buscando algo que você perdeu.
Eu não posso alcançar, então deixe eu te pegar no colo.
Trazer para dentro do meu coração, abrir sua janela.
E deixar o sol entrar.

Myrian Benatti


Escrito em um dia que trabalhava com uma criança autista.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Na partilha da Alma



Na partilha da Alma

No silêncio e no dia
Cria a mais serena melodia
O esgar de apenas um olhar.
Saberemos sempre onde direcionar os nossos pensamentos
Um dia...
Num eterno comungar
Na alvura do seu ânimo,
Descobre a semente da brancura,
Oferece-se com candura.
No negrume das letras,
Esgar é um sorriso que não é feliz,
É um sorriso que espera...
Um sorriso eterno
Entre a definição e a causa,
Um sorriso que um dia abraçará a alma.
Vibra na inquietação
Na partilha.
Escreve-se sempre na ausência da calma.

Fernando Lopes da Silva (poeta português)
Myrian Benatti ( poetisa brasileira)


Um presente de Fernando para Myrian.

domingo, 1 de julho de 2007

Um poema para Gina


Por ti e para ti e em nome do amor

Fiz-me e refiz-me e me transfigurei

Fui beijo, fui conversa, fui ardor

E fui o ciúme em que me incendiei

Foste amor (nem sei és ainda)

O meu pedaço, essa coisa tão linda.

Que me faz rever no teu abraço

Ou, no teu adeus, um embaraço.

És um vício tal e qual o do tabaco

Se te fumo, sinto-me culpada.

Se te não aspiro, sinto que abafo...

Eu sei que tenho de reencontrar-me

A sós comigo, mas nunca abandonada!

Emirjo e temo voltar a queimar-me!



Maria Badalassi (poetisa portuguesa)

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Sentir...


Escrever sobre a felicidade

é como ouvir o som da gota

quando cai no chão.

Não se escreve sobre ela

vivencia-se.







Myrian Benatti

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Eu às vezes quero chorar


Eu às vezes quero chorar

Mas não tenho lágrimas no estoque

- Nossa...

- Por causa de dor física é?

- Ou tem dores internas?

Dores internas

- Quer me contar?

- Eu estou aqui.

Mesmo sem dor interna

Às vezes chorar faz bem

Mas nem sempre choramos por tristeza latente

Eu gostaria de chorar pra aliviar a alma que teve dor esses tempos

- Eu não sei o que é chorar a anos.

- Chorar é bom.

Então deveria chorar.

- Não consigo...

Antes eu chorava mais

Meu estoque acabou.

-Acho então que meu estoque também acabou.

É às vezes endureceu por causa do sal

- Risos

- Você está bem hoje?

não

Sabe qdo vc para de fumar, ou beber, ou quem se droga para de usar?

- sim

Eu estou assim, me desviciando de alguém.

- E esse vício machuca o coração?

muito

- E isso é bom?

Por ora não, mas vai ser.



Myrian Benatti

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Banco Vazio


Vazio...
O banco está vazio.
Quem sentava nele desapareceu
Sumiu do mapa
Evaporou-se.
Silencio no pátio
Palavras pairadas no ar
Evaporam-se.
Parado
Olhos parados
Num canto qualquer,
Pensamento inacabado
Incerteza de vida
Na certeza de viver.
No canto da boca
Um sorriso triste
O vento bate
E volta
No banco vazio
.
.
.

Vazio...


Myrian Benatti



obs:
esse poema foi feito pra um amigo que estudou comigo em Bauru, seu nome é Cassio, escrevi em 1977, há 30 anos atrás.
A memória falha, não sei se escrevi pq ele faleceu ou pq ele foi embora.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Às vezes falo ao vento


Às vezes falo ao vento


Às vezes falo ao vento, mas mesmo o vento não leva minha voz até você?
Às vezes falo ao coração, palavras mansas, para que o ritmo de sua batida não descompasse.
Às vezes falo ao riacho, no murmúrio da água, das pedras, soa o eco de minha voz.
Ás vezes escondo-me nas árvores, que balançam com o vento,
Ouço sons sibilando ao meu ouvido,
Às vezes paro,
Fico quieta.
Concentro-me...
Fecho meus olhos.
Tento ouvir cada palavra, cada murmúrio, cada som...
Mesmo estando num local movimentado...
Posso ouvir até o balé das folhas,
O riacho que desce,
As palavras que misturam,
À batida descompassada de meu coração.



Myrian Benatti
obs:
O quadro foi pintado por mim.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Toquei o chão...


Toquei o chão,

não com a mão,

com a alma.

Não senti calma.

Perdida,

não me achei.

Desiludida...

Ali prostrada,

não pensei.

Onde tinha estrada,

cansei.

Sem sentimentos,

Fiquei....



Myrian Benatti

domingo, 10 de junho de 2007

Existem Almas Gêmeas?


De acordo com a Kabbalah, sim. Antes de virem para este planeta, os aspectos femininos e masculinos da alma eram unidos. Quando vieram para este mundo, e não vieram necessariamente ao mesmo tempo, o masculino e o feminino se separaram, criando assim o conceito de almas gêmeas, que são almas que se complementam totalmente.
O casamento entre almas gêmeas é muito raro, e podemos dizer que atualmente, 90% dos casamentos são processos de correção. Antes de se reunir a sua alma gêmea, é necessário que cada pessoa encontre o seu caminho espiritual, seja ele qual for, e trabalhe para o seu crescimento individual. Só então é que terá o mérito de encontrar sua alma gêmea, para reunir-se a ela e continuarem juntos o seu trabalho espiritual.
Por esse motivo são necessários os casamentos entre pessoas que não são almas gêmeas, e são muitos os aspectos pelos quais os parceiros podem ser necessários um ao outro, até que chegue o momento apropriado para a reunião com a alma gêmea. Podemos até ter um bom casamento, termos bons filhos, sermos felizes nesse relacionamento, sem significar que este seja o encontro com nossa alma gêmea. Pode se passar muitas vidas sem que se encontre a alma gêmea, até que o homem e a mulher alcancem o nível de consciência espiritual para se reconhecerem, e no momento propício, o encontro acontecerá.
Em geral, almas gêmeas são pessoas bastante diferentes, com criação e educação distintas, e dificilmente são pessoas que se conhecem desde pequenas. Normalmente, são pessoas que viveram por tempos distantes uma da outra, ou até próximas, mas sem se conhecerem até o momento do encontro.
Geralmente são aqueles relacionamentos que parecem impossíveis de dar certo, e muitas vezes o casal enfrenta muitas dificuldades para poderem ficar juntos. Mas apesar das diferenças, gostos e necessidades individuais, existem grandes semelhanças e afinidades em termos de ideologias e objetivos de vida. Há entre eles uma habilidade quase telepática, o que é a pista mais evidente de que se trata de almas gêmeas.
Entretanto, um casamento entre almas gêmeas não significa que seja perfeito, que não haja discussões e problemas a serem enfrentados. Tudo faz parte do processo de crescimento individual ou do casal. Quando se encontra a alma - gêmea sem ainda ter completado o tikun (correção), o relacionamento ainda não é perfeito. Mas uma parte de nosso tikun (correção) só pode ser realizada junto com a nossa alma gêmea. Essa é a razão pela qual existe o divórcio no judaísmo. Se uma pessoa casada encontrasse sua alma gêmea e não existisse o divórcio, seu parceiro teria que morrer para que ela pudesse se reunir a sua alma - gêmea, já que esse encontro é muito forte e tem que acontecer de qualquer jeito. Mais do que a plenitude do casal, o encontro das almas - gêmeas ocorre por uma causa maior, em benefício do universo, por isso esse encontro é tão necessário e poderoso.


Rabino Joseph Saltoun

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RAZÃO X EMOÇÃO
Ninguém jamais conseguiu explicar como foram criadas as almas gêmeas, mas eu me lembro bem dessa história.Estavam lá no céu, todas as almas, umas eram somente razão, outras somente emoção, duas filas distintas.Finalmente chegou a minha vez de ser colocada em uma das filas. Olhei para ambas e me identifiquei com a da razão, acontece porém, que quando avistei você na da emoção, meus olhos brilharam, foi como se fosse um imã a me puxar.Aproximei-me do criador e lhe disse:- Eu gostaria de ficar na fila da emoção, pode ser? É que existe uma doce alma lá, que me encantou!"Está bem", me falou Ele, "Você até poderá escolher seu lugar, mas antes quero lhe explicar algo, depois então você fará a sua opção. Existem almas que são gêmeas, tudo nelas é igual, a única diferença que eu coloquei foi a razão e a emoção, justamente para que elas possam se completar, é como se fosse um encaixe. Possuo uma grande percepção para distinguir as almas gêmeas e por isso entendi, que aquela que se encontra ali na fila da emoção, é a sua (falou apontando para você) daí querer te colocar na da razão. Caso vocês fiquem juntas, o encanto das almas gêmeas se acabará, ao passo que se ficarem separadas, ele permanecerá. No entanto, devo lhe contar algo, as almas gêmeas, nem sempre se encontram, porem vivem sempre unidas pelo coração e por elas próprias. Por outro lado quando se encontram, jamais se separam, nem mesmo eu consigo executar esse afastamento".Entendi naquele momento que a razão não sobrevive sem a emoção, e a emoção por sua vez, precisa da razão para viver.Nesse instante fiz a minha escolha: Prefiro a fila da razão!Encaminhei-me para o meu lugar, me posicionei e nesse mesmo instante, você, que não tinha ate então percebido a minha presença, olhou-me e sorriu!Hoje, eu sou a razão, você a emoção, eu te dou o chão e você me leva a lua. Hoje, eu entendo o que o criador quis me dizer com:.....é como se fosse um encaixe. Hoje, eu sou a razão correndo atrás da emoção e você a emoção pedindo aos céus que eu possa pertencer a mesma fila que você....mas o que você não sabe é que fui eu mesma quem escolheu o meu lugar, só para ser a sua alma gêmea. ....O que você não sabe é que mesmo antes de pertencer a qualquer uma das filas, eu já te amei.Quando voltarmos para o lado de lá, você há de entender tudo isso e se eu puder escolher uma das filas novamente , eu ainda vou querer ficar separada de você. A única diferença é que escolherei a fila da emoção para sonhar como você sonhou e que você fique na da razão para entender como eu sofri! (Texto de Silvana Duboc)

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ALMAS GÊMEAS
Letícia Thompson
Almas gêmeas não são duas metades iguais, mas duas metades diferentes que se completam.
Existe muita gente sozinha no mundo, justamente porque essas pessoas procuram a outra metade igual a elas, ou seja, o reflexo de si. Ora, pra achar a outra metade de si mesmo é suficiente se olhar no espelho.
Diz-se de modo carinhoso que o outro é a metade da sua maçã.
E eu já percebi que muitas vezes a outra metade da maçã é mais tortinha, sem jeito, menos bonita... mas ainda assim a metade daquela maçã. E por que na vida não poderia ser assim? Que a outra metade seja diferente, que não tenha exatamente os mesmos gostos, nem talvez a mesma formosura, mas que tenha aquele quê que nem sabemos explicar e nenhuma outra metade vai se encaixar de forma tão harmoniosa para formar um todo tão perfeito com a gente.
Quem já não encontrou casais desencontrados? Um grande, o outro pequeno; um feio, o outro bonito; um bem mais jovem, o outro mais vivido; um tímido, o outro extrovertido... e assim pela vida a fora. E nos perguntamos intimamente o que os mantêm juntos. Mas se pensarmos mais profundamente nessa questão chegaremos a conclusão que são essas sim, as almas gêmeas.
Dois seres diferentes, mas se amando o bastante para superar as diferenças, viver e conviver com elas e apesar delas, contra todo pensamento, contra todo questionamento, contra toda opinião alheia.
O papel da alma gêmea é completar os vazios, preencher os vácuos, enriquecer onde o outro tem necessidade... é um dar e receber que só envolve os dois.
A alma gêmea é o complemento do outro, não sua extensão.
Quem corre atrás da sua sombra vive eternamente insatisfeito, eternamente à procura. Mas aquele que abre os olhos e, principalmente, o coração, pode perceber que sua alma gêmea encontra-se do lado. É preciso se estar atento aos sinais que não enganam para o encontro com aquela pessoa que poderá ser nossa companheira na jornada da vida.
Se o amor te acenar, não diga não de imediato só porque ele chegou diferente do que você esperava.
Não se esqueça que por detrás dessa nossa capa humana existe uma alma.
Se no seu caminho uma outra alma completar a sua, independente da aparência física, independente até de tudo aquilo que você sonhou, você vai ter encontrado a sua metade, seu amor, seu quinhão de felicidade.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Amor Pela Metade





Amar pela metade
Ainda não é amar
É apenas estar na espera
de ser amada
para poder amar sossegada

Amar pela metade
É estar presa nas intenções
sentindo medo das emoções
É ainda querer dominar o coração

Amar pela metade
é inventar meio amor
É ainda
querer dividir
querer somar
e subtrair amor

Amar pela metade
é impedir o amor
de ser sentido
de ser saboreado
de ser vivido

Pois o amor
só pode e deve ser amor
se amor por inteiro!

(Sandra Lúcia Ceccon Perazzo)

Regressar





Regressar sem ter partido
É não ter necessidade
de procurar na memória o roteiro
É sentir a mesma emoção
É querer bem na mesma dimensão
É deixar pulsar o coração
com as mesmas canções

Regressar sem ter partido
É amar mais ainda
quem queria ter esquecido
É sentir a dor
É ter o coração partido
É ter o olhar pedindo
um pouco só do teu amor

Regressar sem ter partido
É ter retornado
ao ponto de partida
É ter ficado perdida
É não ter recebido
É estar sentada com
as mãos cruzadas
É não ter feito nada
É ficar sentida

Regressar sem ter partido
É estar assim
Disfarçando serenidade
Fingindo tranquilidade
É ter a alma doente
É ser só tristeza
É sentir a tua frieza

Regressar sem ter partido
É estar sozinha comigo mesma
no mesmo caminho
É ouvir eco de voz distante
É ter nos lábios o gosto constante
do sabor permanente
do teu beijo ausente

Regressar sem ter partido
É apenas não ter ido
É apenas não ter partido
É apenas ter ficado...

Sperazzo
(Autora)
Sandra Lúcia Ceccon Perazzo

terça-feira, 29 de maio de 2007

Monólogo


Como poderei escrever sobre solidão sem cair na mesmice de sempre?

O que é solidão?

Ausência de pessoas?

Não.

Ausência de si mesma?

Isso sim, pode ser.

Ainda bem que não sou escritora, senão não sobreviveria das vendas de livros,

sou movida a paixões, escrevo apenas quando estou apaixonada,

não somente por pessoas, mas pela paixão da vida.

Agora reclusa nessa solidão não consigo expressar nada,

só uma dor existencial.

Recuso-me a levantar de onde me encontro,

minhas vestes assemelha-se a um ser esfarrapado,

perdido,

de chinelo desengonçado.

Meu grito mudo ecoa-se para dentro.

Fecho os olhos e me coloco em posição fetal.

Lágrimas escorrem pela minha face.



Myrian Benatti

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Canção da mulher


Canção da mulher
Lya Luft

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco — em lugar de voltar logo à sua vida, não porque lá está a sua verdade mas talvez seu medo ou sua culpa.

Que se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo "Olha que estou tendo muita paciência com você!"
Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de mim reclamando: "Mas que chateação essa sua mania, volta pra cama!"
Que se eu peço um segundo drinque no restaurante o outro não comente logo: "Pôxa, mais um?"
Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro — filho, amigo, amante, marido — não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa — uma mulher.

ESTRÉIA



***Estréia!***

Rosa Pena


Começo hoje uma nova etapa de vida.

Vou esquecer as impossibilidades e cuidar das realidades.

Não mais buscarei a pele lisa que tinha há vinte anos atrás.

Meu corpo "curvilíneo", é como sempre foi,acrescido de celulites da vida, da minha jornada.

Não ficarei pensando e passeando de mãos bobas pelo passado, idealizando o que deveria ter feito, achando que minha existência foi miserável.

Não perdi meus sonhos, apenas recuperei minha auto-estima.

Se me querem como eu sou , bacana!

Senão, fazer o que!

Não existe terceira idade, acho que existe terceiro momento de vida.

O primeiro é a descoberta, o segundo é a busca do sucesso ,da aceitação, o terceiro, esse bendito terceiro, é para viver,é apenas pra ser.

Administrar a solidão sem ficar imaginando os porquês.

Não quero ter "um chinelo velho para um pé doente",pois não tenho nada no pé,talvez apenas chulé.

E se "correr o bicho pega e se ficar o bicho come".

Pega e come , se eu quiser.

Sexta-feira é uma droga,vou parar de fingir que fim de semana é o máximo.

Digressiono,digressiono.

Acabo com as teses,viverei com as possibilidades.

Serei imediatista no que realmente quero e darei tchau ao que não posso ter ou ser.

Nunca serei capa de cd.

E para quem me ama,dou meu muitoprazer.



Rosa Pena.06/12/2002 / livro: Com licença da palavra.
http://www.rosapena.recantodasletras.com.br/

Sonhando sempre


Em cada caminho que percorro
Ponho um sonho em minha vida
Cada sonho podado
Uma dor desiludida
Cada desilusão que vem
Um oceano de tristeza acompanha
E assim se afoga os sonhos
Nas profundezas da desesperança
Sair dos sagarços é preciso
Mesmo sem um salva-vidas
Sempre há uma saída!
Contrária à direção do vento
Vou remando em busca de novos sonhos
Acreditando em novos momentos
E na esperança que sempre renasce
À medida que cada primavera passa
Mas sou apenas um poeta
Que na poesia afaga as suas mágoas
Buscando a essência da vida
Sempre alegre
Sempre sonhando....


ILZA BEZERRA

sábado, 26 de maio de 2007

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Na meia idade


Na meia idade
Maria Cristina Manfro

Recebi um e-mail fabuloso, mas infelizmente não consta autoria.

O e-mail fala de um homem que, completando 25 anos de casado, comenta com sua mulher que quando eles casaram tinham um fusquinha caindo aos pedaços, moravam num apartamento menor que uma caixa de fósforos e que tinham uma TV preto e branco de 14 polegadas.

Mas que ele dormia com uma gostosa. Agora eles tinham uma mansão, uma TV de plasma de 50 polegadas e um Mercedes zero-quilômetro. Ele então olha para a mulher e diz: “parece que você foi a única que não evoluiu, ou melhor, parece que não está evoluindo.” A mulher então, com uma sensatez própria da idade, responde a ele que não havia problema.
Ele que procurasse uma gostosa de 25 anos, mas que o queira de verdade. Ela se encarregaria, com muito prazer, de fazer com que ele voltasse a dormir num sofá-cama, morar num micro apartamento e dirigir um fusca velho.

Bem, então o marido vira para o lado e volta a dormir com o término imediato de sua pequena crise de meia idade.
Estamos tão voltados para o consumo que as verdadeiras conquistas nem são celebradas. A conquista do companheirismo, das vitórias nas várias fases da vida, as metas alcançadas com nossos filhos, o bom trabalho de parceria realizado juntos.
Somamos as aquisições, porém sem nos darmos conta que elas fazem parte da parceria realizada juntos. Acabamos dedicando muito tempo para a aquisição de coisas e muito pouco para a curtição dessas mesmas coisas. E menos ainda para a curtição das pessoas que estão a nossa volta. Preocupamos-nos com a estética das coisas, com a limpeza, com o consumo de novos aparelhos domésticos, em termos o carro do ano, o último modelo de celular, em resumo, para termos tudo em ordem. Mas a cada dia sentimos mais saudades do início de nossa vida como casal. Com certeza não é porque a mulher era gostosa e tão pouco porque o marido era bonitão e gostosão.
Sentimos falta das sensações que tínhamos a cada conquista. Sentimos falta do namoro, dos jantares românticos, de contar histórias um para o outro. Falta das oportunidades para dormirmos abraçados, sentindo a presença do outro. Falta de elogios e falta que reparem em nós, que percebam o quanto nos dedicamos. Falta de capricho e de cuidado. Falta de sexo romântico, curtido e que dure uma hora... Só nas preliminares. Falta do olho no olho, do beijo na boca e das juras de amor. Sentimos falta de começar e por isso muitas vezes pensamos em terminar. Terminar para começar.
Começar é todo o dia. Não com outra pessoa. Mas com a mesma pessoa. Não precisamos ter perdas para começar. Pelo contrário. Até por uma questão de economia (e disso os homens entendem muito bem) é melhor começar com a mesma pessoa todo o dia. Detalhe. Se formos observar melhor os elementos citados no parágrafo acima teremos certeza que no quesito involução os homens ganham longe.

E no quesito evolução as mulheres dão show de bola. As estatísticas comprovam, para a infelicidade masculina, que é das mulheres o maior número de pedidos de divórcios na atualidade. Portanto, se a sua mulher sensata de meia idade ainda não pediu o divórcio considere-se um felizardo e valorize esta mulher porque ela está em extinção.

A entrevista: Quem é vc?


- Oi quem é vc?

-eu?

-sim vc.

-o que quer saber?

- sei lá, mas me diz quem é vc?

- meu nome?

- pode ser pra começar.

- bom meu nome é José das Quantas.

- ta, mas ainda não me disse quem é vc.

- o cara como vc é chato,

...eu tenho 30 anos, sou de peixes,

...que mais quer saber,

- quem é vc.

-mas já disse,

...tu quer saber meu tamanho

...a cor dos meus olhos e cabelo?

- não, isso eu estou vendo.

Eu quero saber dentro de vc, quem é vc.

- ah, quem sou eu?

-é quem é vc.

- quem eu sou?

- é isso mesmo.

- sei lá quem eu sou

....já disse meu nome, peso é isso?

- não.

-cara como vc é chato.

E vc quem é?

- eu que estou perguntando.

- ta, mas agora eu quero saber quem é vc

....está vendo como é difícil responder?

- não é difícil

....vou responder

....quem eu sou.

- é quem é vc.

-eu?-é

...para de me embromar.

-sou o cara que esta te entrevistando.

]-ahahahahhhhh

...tá vendo como é difícil falar de si mesmo?

-mas hoje não é a minha vez, é a sua.

-eu não sei quem eu sou, e vc sabe?

...já disse , sou o entrevistador.

- não, eu digo lá dentro

...vc tb não sabe quem vc é.

- sei, mas hoje não é a minha vez

...vamos acabar a entrevista.


Myrian Benatti

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Contraditória


Sou contraditória dentro das palavras

mortas, vazias,

da lágrima do culpado

da benção do inocente.

Dentro do meu castelo

sou o fantasma que teve medo.

Medo da morte.

Arrasto as correntes

tento escapar das masmorras

das janelas com grades.

Meu corpo estremece em convulsões,

minha alma parte em busca das paixões

perdidas.

Do outro lado da lágrima

está a mão estendida

mas inalcançável.

Quantos infernos terei que suportar

nesta invisibilidade psíquica?




Myrian Benatti

Adormeci



Adormeci...

Por um longo tempo, demais eu diria.
Não que dormir não seja bom, é ótimo.
Algumas horas, não meses e nem anos.

Mas eu adormeci demais.
Quando acordei o mundo tinha girado de pernas pro ar.

Já não era a mesma coisa, não se arrumavam mais empregos se não tivesse um monte de qualificações, pós-doutorados, mestrados, phd, apadrinhamento... Nem sei o que dizer de tantos nomes.
Apenas que a fila era grande demais.

Às vezes me pego parada olhando um ponto ao nada,
Com postura errada, errada no corpo e no pensamento.
Experiências?
Um monte.
Mas de vida, de estradas.
Mas isto não consta e nem conta no currículo.
Deveria ter uma pergunta que fosse também importante ao se arrumar emprego.
Viveu?
Chorou?
Andou?
Suspirou?
Sofreu?
Amou?
Sorriu?

Diria os mais velhos:
- você perdeu o bonde.
No que eu responderia:
- eu estava olhando a vida, sendo mãe, conversando com as pessoas, mas mesmo assim tendo experiência.
A experiência da troca.

Myrian Benatti

Espelho...


Espelho que reflete minha imagem

O que você vê?

Um espectro?

Agachado,

Rastejando pelo amor de alguém.

Espelho, espelho meu.

Responde o que você vê?

Eram fogos de montura seus sentimentos?

Você assim, posto de lado.

Admirando a si mesmo,

Sem o amor de ninguém.

Diz espelho meu

O que você vê?



Myrian Benatti

terça-feira, 22 de maio de 2007

ESTATUTO DE POETA


ESTATUTO DE POETA

Primeiro Rascunho Para um Esboço de Projeto Amplo, Total e Irrestrito

Silas Corrêa Leite
Artigo Um

Todo Poeta tem direito de ser feliz para sempre, mesmo além do para sempre ou quando eventualmente o “para sempre” tenha algum fim.
Artigo Dois
Todo Poeta poderá dividir sua loucura, paixão e sensibilidade com mil amores, pois a todos amará com o mesmo prelúdio nos olhos, algumas asas nas algibeiras e muitas cítaras encantadas na alma, ainda assim, sem lenço e sem documento.
Parágrafo Único
Nenhum Poeta poderá ser traído, a não ser para que a ex-Musa seja infeliz para todo o resto dos dias que lhe caibam na tábua de carne desse Planeta Água.
Artigo Três
Nenhum Poeta padecerá de fome, de tristeza ou de solidão, até porque a tristeza é a identidade do Poeta, a solidão a sua Pátria, sendo que, a fome pode muito bem ser substituída por rifle ou cianureto. E depois, um poeta não precisa de solidão para ser sozinho. É sozinho de si mesmo, pela própria natureza, com seus encantários, mundo-sombra e baladas de incêndio.
Artigo Quatro
A Mãe do Poeta será o magno santuário terreal de seus dias de lutas e sonhos contra moinhos e erranças de gracezas e iluminuras.
Filho de Poeta será como caule ao vento, cálice de liturgia, enchente em rio: deverá adaptar-se ao Pai chamado de louco por falta de lucidez de comuns mortais ou velado elogio em inveja espúria.
Artigo Quinto
Nenhum Poeta será maior que seu país, mas nenhuma fronteira ou divisa haverá para o Poeta, pois sua bandeira será a justiça social, pão, vinho, maná, leite e mel, além de pétalas e salmos aos que passaram em brancas nuvens pela vida. E depois, uns são, uns não, uns vão, uns hão, uns grão, uns drão – e ainda existem outros.
Artigo Sexto
A todo Poeta será dado pão, cerveja, amante e paixão impossível, o que naturalmente o sustentará mental e fisiológicamente em tempos tenebrosos ou de vacas magras, de muito ouro e pouco pão.
Artigo Sétimo
Nenhum Poeta será preso, pois sempre existirá, se defenderá e escreverá em legítima defesa da honra da Legião Estrangeira do Abandono, à qual sabe pertencer, com seu butim de acontecências, ou seu não-lugar de, criando, ser, estar, permanecer, feito uma letargia, um onirismo.
Artigo Oitavo
A infinital solidão do espaço sempre atrairá os Poetas.

Artigo Nono

Caso o Poeta viaje fora do combinado, tome licor de ausência ou vá morar no sol, nunca será pranteado o suficiente, nem lhe colocarão tulipas de néon, dálias aurorais, estrelícias de leite ou dente-de-leão sob o corpo que combateu o bom combate. Será servido às carpideiras, amigos, parentes, anjonautas e guardiões, vinho de boa safra por atacado, mais bolinhos de arroz, pão de minuto e cuque de fubá salgado.


Artigo Décimo

Poeta não precisará mais do que o radar de seus olhos, as suas mãos de artesão sensorial no traquejo do cinzel interior, criativo, sua aura abençoada e seu halo com tintas de luz para despojar polimentos íntimos em verso e prosa, como pertencimentos, questionários e renúncias.

Artigo Décimo-Primeiro

Poeta poderá andar vestido como quiser, lutar contra as misérias e mentiras do cotidiano (riquezas impunes, lucros injustos), sempre buscando pela paz social, ou ainda mamando na utopia de uma justiça plural-comunitária. Quem gosta de revolução de boteco é janota boçal metido a erudição alcoólica e pseudo-intelectual seboso e burguês. Poeta gosta mesmo de humanismo de resultados. De pegar no breu. A luta continua!


Artigo Décimo-Segundo

Poeta pode ser Professor, Torneiro-Mecânico, Operário, Jardineiro, Fabricante de Bonecas, Vigia-Noturno, Engolidor de Fogo, Entregador de Raposas, Dono de Bar ou Encantador de Freiras Indecisas. Poeta só não poderá ser passional, insensível, frio ou interesseiro. Ao poeta cabe apenas o favo de Criar. O poeta escreve torto por linhas tortas (um gauche), poesilhas (poesia rueira e descalça) e ficção-angústia. Escreve (despoja-se) para não ficar louco...para livrar do que sente. O Poeta, afinal, é um “Sentidor”

Artigo Décimo-Terceiro

Se algum Poeta for acusado levianamente de alguma eventual infração ou crime, a dúvida o livrará. E se o Poeta dizer-se inocente isso superará palavras acima de todos e sua fala será sentença e lei. A ótica do Poeta está acima de qualquer suspeita, e ele sempre é de per-si mesmo o local do crime da viagem de existir. Mas pode colaborar com as autoridades, cometendo um crime perfeito. Afinal, só os imbecis são felizes.



Parágrafo Único

Poeta não erra. Refaz percursos. Poeta não mente. Inventa o inexistente, traduz o impossível, delata o devir. Poeta não morre. Estréia no céu.

Artigo Décimo-Quarto

Aos Poetas serão abertas todas as portas, até as invisíveis aos olhos vesgos e comuns dos mortais anônimos, serão abertos todos os olhos, todas as almas, todos os caminhos, todas as chamas, todos os cântaros de lágrimas e desejos, todos os segredos dessa dimensão ou fora dela, num desespelho de matizes.


Artigo Décimo-Quinto

A primeira flor da primeira aurora de cada dia novo, será declarada de propriedade do Poeta da rua, do bairro, do país ou de qualquer próximo Poeta a confeitar como louco, como ermitão ou pioneiro, de vanguarda. Em caso de naufrágio ou incêndio, poetas e grávidas primeiro

Artigo Décimo-Sexto
Não existe Poeta moderno, clássico, quadrado, matemático como pelotão de isolamento, ou só aleijado por dentro, pois as flores e os rios não nascem nunca iguais aos outros, sósias, nem os poemas são tijolos formais. Nenhum Poeta poderá produzir só por estética, rima ou lucro fóssil. Poesia não é para ser vendida, mas para ser dada de graça. Um troco, um soneto, uma gorjeta, um haikai, um fiado pago, uns versos brancos, um salário do pecado, um mantra-banzo-blues. E todo alumbramento é uma meia viagem pra Pasárgada.

Poeta é tudo a mesma coisa, com maior ou menor grau de sofrimento e lições de sabedoria dessas sofrências, portanto, com carga maior ou menor de visão, lucidez, sensoriedade canalizada entre o emocional e o racional, de acordo com a sua bagagem, seu vivenciar, seu prisma existencialista de bon vivant. Poeta há entre os que pensam e os que pensam que pensam. Entre os que são e os que pensam que são. A todos é dado a estrada de tijolos amarelos para a empreita de uma caminhada que o madurará paulatinamente. Ou não. Todo poeta é aprendiz de si mesmo, em busca de uma pegada íntima, e escreve para oxigenar a alma. Afinal, são todos sementes, e sabem que precisam ser flores e frutos, para recriarem, para sempre, a eterna primavera.

Todo aquele que se disser Poeta, assim o será, ou assim haverá de ser

Parágrafo Um

O verdadeiro Poeta não acredita em Arte que não seja Libertação. Saravá, Manuel Bandeira!

Parágrafo Dois

Poeta bebe porque é líquido. Se fosse sólido comia.

Parágrafo Três

Poeta é como a cana. Mesmo cortado, ralado, amassado, ao ser posto na moenda dos dias, ainda assim tem que dar açúcar-poesia

Inciso Um

Poeta também bebe para tornar as pessoas mais interessantes.

Parágrafo quatro

Poeta não viaja. Poeta bebe. E todo Poeta sabe, que o fígado faz mal à bebida.





Artigo Décimo-Sétimo

Poeta terá que ser rueiro como pétala de cristal sacro, frequentador de barzinhos como anjo notívago, freguês de saunas mistas como recolhedor de essências, plantador de trigais amarelos como iluminador de cenários, cevador de canteiros entre casebres de bosquíanos, entre o arado e a estrela, um arauto pós-moderno como declamador de salmos contemporâneos entre extraterrestres.

Parágrafo Único


Poeta rico deverá ainda mais amar o próximo como se a si mesmo, ajudando os fracos e oprimidos, os Sem Terra, Sem Teto, Sem Amor, para então se restar bem-aventurado e poder escrever cânticos sobre a condição humana no livro da vida. Poeta é antena da época. E o neoholocausto do liberalismo globalizador é o câncer que ergue e destrói coisas belas.

Artigo Décimo-Oitavo

A todo Poeta andarilho e peregrino como Cristo, São Francisco ou Gandhi, será dado seu quinhão de afeto, sua porção de Lar, seu travesseiro de pétalas de luz. Quem negar candeia, azeite e abrigo ao Poeta, nunca terá paz por séculos de gerações seguintes abandonadas entre o abismo e a ponte para a Terra do Nunca. Quem abrigar um Poeta, ganhará mais um anjo-da-guarda no coração do clã que então será abençoado até os fins dos tempos.

Parágrafo único
O sábio discute sabedoria com um outro sábio. Com um humilde o sábio aprende.

Artigo Décimo-Nono

Poeta poderá andar vestido como quiser, com chapéus de nuvens, pés de estrelas binárias ou mantras de ninhos de borboletas. Nenhum Poeta será criticado por fazer-se de louco pois os loucos herdarão a terra e são enviados dos deuses. “Deus deve amar os loucos/Criou-os tão poucos...” - Um Poeta poderá também andar nu, pois assim viemos e assim nos moldamos ao barro-olaria de nosso eio-Éden chamado Planeta Água. E a estética para o poeta não significa muito, somente o conteúdo é essência infinital.

Artigo Vigésimo

Poeta gosta de luxo também, mas deve lutar por uma paz social, sabendo a real grandeza bela de ser simples como vôo de pássaro, simples como pouso em hangar fantástico, simples como beira de rio ou vão de cerca de tabuínha verde. Só há pureza no simples.

Artigo Vigésimo-Primeiro

Nenhum Poeta, em tempo algum, por qualquer motivo deverá ser convocado para qualquer batalha, luta ou guerra. Mas poderá fazer revoluções sem violência. Poderá também ser solicitado para ser arauto da paz, enfermeiro de varizes da alma ou envernizador de cicatrizes no coração, oferecendo, confidente, um ombro amigo, um abraço de ternura, um adeus escondido feito recolhedor de aprendizados ou visitador de bençãos, ou ser circunstancialmente um rascunhador clandestino de alguma ridícula carta de suicida.


Artigo Vigésimo-Segundo

Mentira para o Poeta significa cruz certa. Aliás, poeta na verdade nunca mente, só inventa verdades tecnicamente inteiras e filosoficamente sistêmicas...

Artigo Vigésimo-Terceiro

Musa-Vítima do Poeta será enfermeira, psicóloga, amante, mulher-bandeira, berço esplêndido, Santa. Terá que ser acima de todas as convenções formais, pau para toda obra. No amor e na dor, na alegria e na tristeza, até num possível pacto de morte.

Artigo Vigésimo-Quarto

Poeta não paga pensão alimentícia. Ou se está com ele ou contra ele. Filha e sobrevivente de uma relação qualquer, ficarão sob sua guarda direta e imediata. Ex-Mulheres serão para sempre águas passadas que não movem moinhos, como velas ao vento de uma Nau Catarineta qualquer, como exercícios de abstrações entre cismas, ou como aprendizados de dezelos íntimos de quem procura calma para se coçar.


Artigo Vigésimo-Quinto

Revogam-se todas as disposições em contrário

CUMPRA-SE - DIVULGUE-SE

Brasil, Cinzas, 1998, Lua Cheia – Do jazz nasce a luz!

Poeta Silas Corrêa Leite, Educador e Jornalista – Membro da UBE-União Brasileira de Escritores

(Texto traduzido para o espanhol pela Poeta Dr. Antonio Everardo Glez, de Durango, México) - Breve tradução para o inglês, francês e italiano.

Quem sou eu


Quem sou eu?
Que me importa quem sou eu,
Esta raiva incontida que bate em meu peito
Quando me perguntam quem sou eu
Nem mesmo sei o que eu sou
Quem eu sou?
Preciso respirar,
Se houvesse palavras que expressasse sentimentos
Poderia decifrar o meu rosto?
Posso suspirar, posso respirar.
Posso chorar,
Quem sou eu?
Um poeta indecifrável,
Um poema inacabado.


Myrian Benatti

Topazio


Quando criança adorava mexer no lixo, onde eu morava era rua de chão, sem asfalto, lá pelos anos de 1967, no fundo da cidade tinha um buracão, onde o pessoal jogava o lixo.
Quando ia à casa da minha tia tinha que passar por lá, íamos a pé, era um passo, a cidade era pequena e minha tia morava em uma chácara.
Naquele tempo a avon tinha um perfume que a tampa era laranja, creio que o perfume era topázio, e eu adorava achar essa tampa escondida quando andava na rua. Era como se procurássemos um tesouro enterrado e só eu na minha inocência e imaginação o achasse. Que valor inestimável era aquela tampa transformada em pedra preciosa, pois em minha imaginação tinha contos de fada. Eu viajava, entrava em mundos imaginários onde tudo era ao meu contento.
No fundo de minha casa tinha um pomar, onde também, claro era jogado essas tampinhas, papéis, objetos que não tinham mais valor e de certa forma era o meu esconderijo, eu e minhas irmãs brincávamos lá de todas as brincadeiras de infância.
Um dia fizemos enterro de borboleta, guardávamos caixinha de fósforo e matávamos as borboletas e colocávamos lá dentro e fazíamos o tal do enterro. Era tão divertido e inocente, rezávamos, enterrávamos e colocávamos até a lapide, um enterro perfeito, sem esquecer nada.
Pobres galinhas e pintinhos adoravam correr atrás e pegá-las pelos pés, meu avô dizia que só se casaria quando a galinha criasse dente, ou fizesse xixi, ahahhah, imagine as pobres coitadas como era observada, dia após dia, será que hoje ela tinha dente? E o xixi? Onde ela fazia? Elas não tinham paz. Coitadas.
Com o tempo passa tudo, mas algumas manias sempre permanecem como grudada na personalidade da pessoa. Os lixos de uma forma ou de outra, fizeram parte da minha vida pra sempre. Tenho dificuldade de separar lixos bons de lixo ruim, isso em todos os sentidos.
Na minha casa quanto mais eu limpo os armários mais papéis e objetos entram, guardo pedaços de fita, pedaços de papéis, pedaços de lembranças como se um dia fosse voltar e tivesse que estar aí como prova de minha espera.
Nas amizades também tenho dificuldade de separar o bom do ruim, deixo pessoas lixo entrarem na minha vida, povoar e egoisticamente me fazer mal.
Não sei jogar fora.
Hoje já não acho mais topázio na rua, mas ainda ando olhando pro chão na esperança de achar um tesouro.


Myrian Benatti

Voce...




Tira o roupão;

Deixa ver teu corpo;

deixa ver a cicatriz da virilha;

Deixa que alguém passe pelos músculos da razão;

Deixa que explorem teu corpo vivo;

Deixa que te façam tudo e que dele brote a canção ou hino ou a ópera ou mesmo o tango.

Deixa que te toquem que te vejam

Deixa que te xinguem, e que desse monólogo presente surjam juízos.

Deixa que te olhem, mostra tudo, sem ambigüidade.

Deixa que tudo seja descoberto.

Deixa que te chamem,

Deixa que te abandonem....

Ouve sempre

Não acates por ti só, nunca!

Vinga sempre.

Olha pra tudo,

Vê tudo

Põe a roupa sob o corpo vivo e limpo.-

Sente a emoção da cicatriz saliente.

- Cura-a!

Raciocina sobre os músculos e os instintos.

Canta a canção tua.

Mostra a parte doída.

Responde tudo

Abandona a carapaça.

Veste o que te dão.

Rasga o que te incomoda.

Fura o que te esconde.

Escandaliza a tua vergonha

Pisa a tua moral.

Desmoraliza tua verdade.

Chora da alegria,

Não importa a reação.

Pisa na tristeza,

Faz dela catalisador para o conhecimento.

Ama

Beija.

Morde.

Myrian Benatti



Obs:Este poema foi um resgate de um tempo há mais de 30 anos.Estava guardado não no meu caderno de poemas, mas no da minha amiga Cynthia e no encontro feito este ano ela me devolveu.Quando menina eu escrevia e presenteava poema aos amigos, devo ter muitos perdidos por aí, perdidos não ...guardados.

Leitura

Estou lendo esse livro e percebo que ele é muito intenso, portanto fiz uma pesquisa.
Gostaria se alguem comentasse a respeito seria de grande ajuda.

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Mulheres que correm com os lobos:

O meu encontro com esse livro se deu por volta do ano de 1997, quando ministrava a oficina sobre universo feminino pelo Leia Brasil, programa de leitura da Petrobrás.
De imdiato, a minha sensação foi de impossibilidade total para digerir numa única leitura, todas as questões suscitadas pelo mesmo. Afinal, Clarissa Pinkola Estés, autora do mesmo, traça um perfil da mulher que corre paralelo à tradição oral e isso de cara, já dá “pano pra manga”. São milhares de anos de uma história de submissão e descobertas.
No entanto, pensava ser um livro que se lesse e que se indicasse aqui e acolá para mulheres que querem se ver e se rever nos contos copilados e recontados por Clarissa.
Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que por aqui, entre palmeiras e abacaxis, um grupo autodenominado as lobas lança mão do livro para falar de si e resgatar a essência da mulher!
Tudo isso, claro, tem uma facilitadora (tão loba quanto as demais) chamada Maria Inez do Espírito Santo, psicanalista e educadora que, seguindo a trilha da autora de Mulheres que correm os lobos, oferece um espelho para as mulheres a partir dos contos que compõem a obra.
É com ela nosso papo de hoje!!!
Maria Inês, o que são as lobas?
A gente brinca de chamar de “lobas” as participantes do Grupo de Estudos sobre o livro “Mulheres que correm com os lobos”.
Como acontecem os encontros?
São atualmente dois grupos no Rio e um em Friburgo. No Rio, um grupo se reúne às terças-feiras e outras às quintas-feiras, sempre às 20:30 (Praia do Flamengo, 66 B, sala 1208) Aqui, durante 1h30m fazemos a leitura do texto e comentamos os pontos que cada participante ressalta como importante. É apenas isso: uma leitura compartilhada, com o enriquecimento da reflexão em conjunto. Em Friburgo, os encontros têm acontecido uma vez por mês, sob forma de oficina. Aí uma história é narrada e temos cerca de 5h para ressaltar os pontos principais da interpretação e para a troca entre as participantes, de acordo com suas experiências pessoais. É importante ressaltar que não é um encontro só para mulheres. Os homens podem e devem participar, se tiverem interesse, porque se trata de um trabalho sobre o feminino e não sobre a mulher.
Como V. tem sentido que esses encontros se refletem na vida das participantes?
Temos, todas, crescido muito. Embora não se trate de um grupo de terapia, esse trabalho tem sido um espaço muito construtivo e eu ousaria dizer terapêutico, no sentido de gerador de dinamismo psíquico e facilitador de elaborações necessárias.
Quais são as questões que mais surgem nos encontros?
Todas as questões ligadas ao auto-conhecimento, à auto-estima, à valorização da singularidade de cada sujeito, ao respeito às diferenças individuais e em consequência disso às questões dos relacionamentos humanos.
Em sua opinião, como está a mulher hoje?
Cada vez mais próxima de se tornar consciente de sua função de reestruturadora da sociedade, na medida em que é quem gera, dá continente e suporte a outros seres humanos, no período de sua iniciação nesse mundo. Enfim, mulheres criam os homens e mulheres de amanhã.
Algumas dicas de loba pra loba.
Deixa eu pedir emprestado à Clarice Lispector – uma loba inesquecível, uma fala sua num trecho de uma carta que ela escreveu para a irmã em 1947. Dizia ela: “...o que eu queria dizer é que a gente é muito preciosa, e que é somente até certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias. Depois que uma pessoa perder o respeito a si mesma e o respeito às próprias necessidades – depois disso fica-se um pouco um trapo.”
Faço meu também esse fechamento que, com tenacidade de loba, Maria Inez nos presenteou.

www.contadoresdehistorias.pro.br/Maria%20Inez.htm sandraregina.multiply.com/reviews/item/63

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Mulheres que correm com os lobos




Cantando sobre os ossos

Extraído do belíssino livro de Clarissa Pinkola Estés, Mulheres que correm com os lobos.
A fauna silvestre e a mulher selvagem são espécies em risco de extinção.

Observamos,ao longo dos séculos,a pilhagem,a redução de espaço e o esmagamento da natureza instintiva feminina.Durante longos períodos ela foi mal gerida,à semelhança da fauna silvestre e das florestas virgens.Há alguns milênios,sempre que lhe viramos as costas,ela é relegada às regiões mais pobres da psique.As terras espirituais da Mulher Selvagem,durante o curso da história,foram saqueadas ou queimadas,com seus refúgios destruídos e seus ciclos naturais transformados à força em ritmos artificiais para agradar os outros.

Não é por acaso que as regiões agrestes e ainda intocadas do nosso planeta desaparecem à medida que fenece a compreensão da nossa própria naturesa selvagem mais íntima.Não é tão difícil compreender porque as velhas florestas e as mulheres velhas não são consideradas reservas de grande importância.Não há tanto mistério nisso.Não é coincidência que os lobos e os coiotes, os ursos e as mulheres rebeldes tenham reputações semelhantes.Todos eles compartilham arquétipos instintivos que se relacionam entre si,por isso,têm reputação equivocada de serem cruéis,inatamente perigosos,além de vorazes.

Minha vida e meu trabalho como analista junguiana e cantadora, contadora de histórias,me ensinaram que a vitalidade esvaída das mulheres pode ser restaurada por meio de extensas escavações "psiquico-arqueológicas",e,através de sua incorporação ao arquétipo da Mulher Selvagem,conseguimos discernir os recursos da natureza mais profunda da mulher.A mulher moderna é um borrão de atividade.Ela sofre pressões no sentido de ser tudo para todos.A velha sabedoria há muito não se manifesta.

O título do livro, Mulheres que correm com os lobos,mitos e histórias do arquétipo da Mulher Selvagem, foi inspirado em meus estudos sobre a biologia de animais selvagens,em especial os lobos.Os estudos de lobos Canis Lupus e Canis rufus são como a história das mulheres, no que diz respeito à sua vivacidade e à sua labuta.
Os lobos saudáveis e as mulheres saudáveis têm certas características psíquicas em comum:percepção aguçada,espírito brincalhão e uma elevada capacidade para a devoção.Os lobos e as mulheres são gregários por natureza,curiosos, dotados de grande resistência e força.São profundamente intuitivos e têm grande preocupação para com seus filhotes,seu parceiro e sua matilha.Têm experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação.Têm uma determinação feroz e uma extrema coragem.

No entanto as duas espécies foram perseguidas e acossadas,sendo-lhes falsamente atribuído o fato de serem trapaceiros e vorazes, excessivamente agressivos e de terem menor valor que os seus detratores.Foram alvo daqueles que preferiam arrasar as matas virgens bem como os arredores selvagens da psique,erradicando o que fosse instintivo,sem deixar que dele restasse nenhum sinal.A atividade predatória contra os lobos e contra as mulheres por parte daqueles que não os compreendem é de uma semelhança surpreendente.

Foi por aí que o conceito do arquétipo da mulher Selvagem primeiro se concretizou para mim:no estudo dos lobos.Estudei também outras criaturas como, por exemplo, os ursos, os elefantes e os pássaros da alma-as borboletas.As características de cada espécie fornacem indicações abundantes do que pode ser conhecido sobre psique instintiva da mulher.(...)

Chamo-a Mulher Selvagem porque essas exatas palavras, mulher e selvagem, criam llamar o tocar a la puerta,a batida dos contos de fadas à porta da psique profunda da mulher.Llamar o tocar a la puerta significa literalmente tocar o instrumento do nome para abrir uma porta.Significa usar palavras para obter a abertura de uma passagem.Não importa a cultura pela qual a mulher seja influenciada,ela compreende as palavras selvagem e mulher intuitivamente.(...)

Quando as mulheres reafirmam seu relacionamento com a natureza selvagem, elas recebem o dom de dispor de uma observadora interna permanente,uma sábia, uma visionária,um oráculo,uma inspiradora, uma instintiva,uma criadora,uma inventora e uma ouvinte que guia,sugere e estimula uma vida vibrante nos mundos exterior e interior.Quando as mulheres estão com a Mulher Selvagem ,a realidade desse relacionamento transparece nelas.Não importa o que aconteça,essa instrutora,mãe e mentora vagem dá sustentação às suas vidas interior e exterior.

Portanto,o termo selvagem neste contexto não é usado em seu atual sentido pejorativo de algo fora de controle,mas em seu sentido original,de viver uma vide natiral,uma vide em que a criatura tenha uma integridade inata e limites saudáveis.Essas palavras, mulher e selvagem,fazem com que as mulheres se lembrem de quem são e do que representam.las criam uma imagem para descrever a força que sustenta todas as fêmeas.Elas encarnam uma força sem a qual as mulheres não podem viver.

O arquétipo da mulher selvagem pode ser expresso em outros termos igualmente apropriados.Pode-se chamar essa poderosa natureza psicológica de natureza instintiva,mas a Mulher Selvagem é a força que está por trás dela.(...mesmo a mulher presa com a máxima segurança reserva um lugar para o seu self selvagem,,pois ela intuitivamente sabe que um dia haverá uma saída,uma oportunidade,e ela poderá escapar.).(...)

A mulher selvagem carrega consigo os elementos para a cura;traz tudo o que a mulher precisa ser e saber.Ela carrega histórias e sonhos,palavras e canções,signos e símbolos.Ela é tanto o veículo quanto o destino.

Aproximar-se da natureza instintiva não significa desestruturar-se,mudar tudo da esquerda para a direita,do preto para o branco,passar do oeste para o leste,agir como louca ou descontrolada.Não significa perder as socializações básicas ou tornar-se menos humana.Significa exatamente o oposto.A natureza selvagem possui uma vasta integridade.

Ela implica delimitar territórios,encontrar nossa matilha,ocupar nosso corpo com segurança e orgulho independente dos dons e das limitações desse corpo,falar e agir em defesa própria.estar consciente,alerta,recorrer aos poderes da intuição e do pressentimento inato às mulheres,adequar-se aos próprios ciclos,descobrir aquilo a que pertencemos,despertar com dignidade e manter o máximo de consciência possível.(...)

E então,o que é a Mulher Selvagem?do ponto de vista da psicologia arquetípica,bem como da tradição das contadoras de histórias,ela é a alma feminina.No entanto, ela é mais do que isso.Ela é a origem do feminino.Ela é tudo o que for instintivo,tanto do mundo visível quanto do oculto-ela é a base.Cada um de nós recebe uma célula refulgente que contém todos os instintos e conhecimentos necessários para nossa vida."


Extraído do belíssimo livro de Clarissa Pinkola Estés, Mulheres que correm com os lobos.

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Desde mocinha eu escrevia poesias, cada vez que eu terminava uma paixão, eu fazia um poema, cada tristeza, alegria,cada olhar maroto.Acho que porisso me tornei uma poetiza, pq sempre estive apaixonada.As lágrimas que eu derramava se transformavam em sementes, em letras, em textos, em poemas.Ainda hoje faço isso, qdo estou triste com alguém eu escrevo uma poesia, cada poesia minha tem uma história.É como a semente que transformou em árvore.(MyrianBenatti)