
Hoje dia 21 de agosto de um ano comum eu resolvi ausentar de alguns lugares que freqüentava. Poucos amigos que tenho nem chegarão a sentir a minha ausência.
Você que está lendo essa carta poderá pensar que faço isso como um modo de chamar atenção sobre mim, não sei se é isso, acredito que não; pode ser minha total alienação.
Muitas vezes fechei a janela para que ninguém me visse e viesse perguntar por mim, por onde eu andava, mas em vão, creio que posso ficar meses num lugar que nem as aranhas vêm fazer teias.
Coloquei um espelho na minha frente e fiz da minha imagem uma companheira e lhe perguntei por que fiquei tão sozinha, ela se encolheu e com uma lágrima (falsa?) ela me respondeu que eu escolhi esse caminho.
O caminho da solidão?
O caminho da autodestruição?
Ou o caminho zen, meu caminho de mim mesma?
Mas se eu escolher o caminho de ficar só e ficar bem, eu não precisaria da convivência do espelho.
Dou um sorriso amarelo, arqueio a sobrancelha e me posiciono melhor e olho bem dentro dos meus olhos. Dizem que os olhos são os espelhos da alma, e se eu olhar meus olhos no espelho, será que posso enxergar melhor o que tenho de melhor?
Mas cá estou eu, sentada esperando...
Tentei só olhar o que eu tinha de melhor, mas o espelho não mente e vi também o que eu tenho de pior.
Manipulei por muito tempo as pessoas, brinquei e joguei com os sentimentos.
Amei muito e perdoei demais.
Olhei para o espelho e pedi perdão, para mim, para os outros e como a águia comecei a arrancar o que tinha de velho em mim, o que tinha de sujo, as pragas, os erros, meus defeitos, meus pecados.
Entre as lágrimas sorri, vislumbrei uma luz de esperança.
Para renascer é preciso morrer.
Myrian
Myrian
Nenhum comentário:
Postar um comentário